Marcha na ponta dos pés
É comum que muitos pais fiquem atentos a cada detalhe do desenvolvimento dos filhos, especialmente quando começam a dar os primeiros passos. Nesse momento, uma dúvida recorrente é se é normal a criança andar na ponta dos pés. Enquanto em alguns casos isso faz parte da fase de aprendizado, em outros pode ser sinal de algo que merece atenção. Entender quando é normal e quando é hora de procurar ajuda é fundamental para garantir um desenvolvimento saudável.
O que é
A marcha na ponta dos pés, também chamada de marcha em equino, acontece quando a criança anda sem encostar os calcanhares no chão. Até os 2 anos de idade, isso pode ser considerado parte do processo natural de amadurecimento da marcha. Porém, se o hábito persiste após essa idade, pode estar relacionado a fatores musculares, tendíneos, neurológicos ou sensoriais.
Quando não há nenhuma condição associada, chamamos de marcha em equino idiopática, ou seja, sem causa definida.
Quando é indicado procurar um especialista?
Nem sempre andar na ponta dos pés significa um problema, mas alguns sinais merecem avaliação de um ortopedista pediátrico:
• Persistência do hábito após os 2 anos de idade;
• Dificuldade em apoiar o calcanhar no chão;
• Rigidez ou encurtamento dos músculos da panturrilha ou do tendão de Aquiles;
• Alterações no formato dos pés (calosidades, calcanhar fino ou alargamento da parte da frente do pé);
• Dificuldade para caminhar, subir escadas ou praticar esportes;
• Suspeita de condições neurológicas, como paralisia cerebral ou transtorno do espectro autista.
Principais intervenções:
O tratamento varia de acordo com a gravidade e a causa da marcha na ponta dos pés. Entre as opções estão:
• Observação – em casos leves, pode haver melhora espontânea com o tempo.
• Fisioterapia e terapia ocupacional – ajudam no alongamento, fortalecimento e treino de marcha.
• Palmilhas e órteses (AFOs) – auxiliam na correção da postura do pé.
• Gessos seriados – promovem alongamento progressivo da musculatura.
• Cirurgia – indicada nos casos em que há contratura fixa do tendão de Aquiles, quando outras medidas não trazem resultado.
Após uma cirurgia de alongamento, normalmente a criança usa gesso por algumas semanas e depois órteses, associadas a fisioterapia, para reaprender a andar de forma correta.
Os pais têm um papel essencial nesse processo. Algumas atitudes importantes são:
• Observar a frequência da marcha na ponta dos pés e relatar ao médico;
• Estimular atividades que favoreçam o alongamento e o apoio do calcanhar no chão;
• Seguir corretamente as orientações do especialista, especialmente em relação ao uso de órteses, gesso e fisioterapia;
• Manter o acompanhamento regular, mesmo que os sintomas pareçam ter melhorado.
Cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, e em muitos casos a marcha na ponta dos pés pode ser apenas uma fase. No entanto, quando o hábito persiste ou está associado a outras alterações, a avaliação de um ortopedista pediátrico é fundamental. O diagnóstico e o tratamento adequados podem evitar complicações futuras e garantir uma infância com mais liberdade de movimento, segurança e qualidade de vida.