Doenças degenerativas

As doenças degenerativas em crianças são condições raras, frequentemente de origem genética, que comprometem progressivamente músculos, ossos e articulações, impactando o desenvolvimento motor, postura e mobilidade. Entre os exemplos mais comuns estão:

  • Distrofia Muscular de Duchenne (DMD): degeneração progressiva dos músculos, causando perda de força, dificuldades para caminhar e deformidades posturais.
  • Atrofia Muscular Espinhal (AME): fraqueza muscular progressiva devido à perda de neurônios motores, podendo afetar movimentos, postura e função respiratória.
  • Ataxias infantis e outras doenças neurogenéticas: comprometem coordenação motora, equilíbrio e estabilidade da marcha.

O ortopedista pediátrico desempenha papel essencial no acompanhamento dessas crianças, prevenindo deformidades, planejando intervenções cirúrgicas quando necessário e orientando terapias para manter mobilidade e função.

O cuidado ortopédico começa com uma avaliação detalhada da criança, integrando exames clínicos, laboratoriais e de imagem:

  • Exame físico completo: força muscular, amplitude de movimento, postura, marcha e equilíbrio.

  • Exames de imagem: radiografias para detectar escoliose, deformidades de quadril ou alterações articulares; ressonância magnética para analisar músculos e articulações.

  • Histórico clínico e familiar: evolução do desenvolvimento motor, antecedentes genéticos e sinais precoces de fraqueza.

O acompanhamento ortopédico é indicado sempre que há sinais como:

  • Fraqueza muscular progressiva que limita atividades diárias (andar, subir escadas, correr).

  • Escoliose ou outras deformidades da coluna.

  • Alterações de quadril, joelhos ou pés, como luxações, contraturas ou deformidades em garra.

  • Dificuldade para manter postura ereta ou coordenação em tarefas motoras finas.

  • Dor crônica ou fadiga muscular que prejudica mobilidade.

O diagnóstico precoce permite planejar intervenções conservadoras ou cirúrgicas, retardando complicações e preservando a funcionalidade.

O manejo ortopédico infantil é multidisciplinar e personalizado, visando prevenir deformidades, manter mobilidade e qualidade de vida:

  • Fisioterapia especializada: exercícios de alongamento, fortalecimento e manutenção da amplitude de movimento. A fisioterapia respiratória também é indicada quando há comprometimento da musculatura respiratória, especialmente em AME e DMD avançadas.

  • Uso de órteses e dispositivos de apoio: coletes para escoliose, palmilhas ortopédicas e suportes de membros inferiores ajudam a manter postura, distribuir cargas e prevenir deformidades.

  • Cirurgias corretivas: indicadas em casos de deformidades graves da coluna, luxação de quadril ou contraturas que limitam a função. O planejamento cirúrgico considera idade, crescimento ósseo e estágio da doença.

  • Monitoramento contínuo: consultas periódicas para ajustar terapias, revisar órteses, acompanhar crescimento ósseo e prevenir complicações futuras.

  • Integração multidisciplinar: ortopedista, fisioterapeuta, neurologista, terapeuta ocupacional e equipe de reabilitação trabalham juntos para otimizar resultados.

  • Cuidados em casa: orientação a familiares sobre posicionamento correto, prevenção de quedas, exercícios leves supervisionados e estímulo à atividade física segura.

O objetivo do cuidado ortopédico infantil é preservar a mobilidade, prevenir deformidades e melhorar a qualidade de vida da criança, permitindo maior autonomia nas atividades do dia a dia. Com diagnóstico precoce, acompanhamento contínuo e intervenção adequada, muitas complicações podem ser minimizadas, garantindo um desenvolvimento mais saudável e funcional.